O cultivo de subsistência (caseiro ou artesanal) é uma realidade ancestral, espontânea, natural, sustentável e saudável. Ao longo dos anos, este modo de cultivo substitui, nas zonas mais rurais e mais pobres, à cultura intensiva, massificada, geneticamente manipulada, rentável e dependente de químicos. Na atualidade, com o desafio das alterações climáticas e com uma consciência crescente da necessidade de um “retorno” ao natural, sustentável e saudável, proliferam pelo mundo incentivos, projetos e movimentos organizados para o cultivo natural e para a produção sustentável – com a marca Bio – não apenas nas zonas rurais, mas também nas grandes cidades. No perímetro geográfico da Herdade da Comporta, entre a imensidão verde dos arrozais e a cal branca das casas que compõem as suas 7 aldeias, existem faixas de pequenas hortas e quintais, cultivo de subsistência das comunidades locais. Desde o início da sua história, a Herdade da Comporta disponibilizava as terras e incentivava o cultivo de subsistência dos seus trabalhadores e famílias. Com o evoluir dos tempos e com a evolução da empresa, algumas dessas terras destinadas às hortas foram reordenadas e arrendadas, permanecendo, no entanto, muitas delas cedidas às populações locais, atualmente ex-trabalhadores da Herdade e seus descendentes. Desde 2011, a Fundação da Herdade da Comporta tem desenvolvido os seus projetos pedagógicos nas escolas da Comporta e do Carvalhal em redor do património natural e paisagístico da Herdade da Comporta, com os objetivos gerais de sensibilizar para a preservação ambiental e para a cidadania. Abordámos os temas das aldeias, do arroz, das dunas, do mar e do rio. As Hortas do Carvalhal e da Comporta serão o nosso tema para o Projeto Pedagógico dos próximos quatro anos letivos. A iniciar no ano de 2023/24 e a terminar no ano de 2026/27. “Educar é semear com sabedoria e colher com paciência” (Augusto Cury). O cultivo de hortas escolares é um valioso instrumento educativo.O contacto com a terra na preparação dos camalhões e a descoberta de inúmeras formas de vida que ali existem, o encanto com as sementes que nascem como se fosse magia, o cuidado diário - regar, transplantar, mondar, até que a natureza nos brinde com a transformação das pequenas sementes em verduras e legumes viçosos e coloridos. A horta permite às crianças um contacto mais direto com aspetos da natureza, estimulando uma aprendizagem ativa e uma melhor consciência ecológica. Desta forma, a criança desenvolve as suas capacidades cognitivas e as competências que lhe permitirão, praticar uma cidadania responsável e consciente não pensando apenas nas consequências dos seus atos ambientais do presente, como também no que há a melhorar para proteger o ambiente. As atividades ligadas ao uso do solo, tais como, mexer na terra, plantar, mondar, podar, regar não só constituem um ótimo exercício físico como representam uma forma de aprender saudável e criativo. Os ciclos de cultivo são naturais, desde a sementeira (retirada das plantas que já produziram) até à compostagem, passando pelas mudas, com a rega necessária e com a adubação caseira. Cultivam-se e colhem-se os alimentos da época, respeitando a linha do tempo, com vagar, acompanhando as estações do ano. Há o receio dos desafios do clima, assim como do problema da água. Ao construirmos uma horta na escola estamos a desenvolver uma série de novas aprendizagens e valores em nós e nas crianças.Vamos assumir uma tarefa conjunta e aprender a trabalhar em grupo com pessoas diferentes em gostos e habilidades. Pretendemos que as crianças aprendam a ouvir, a tomar decisões, a socializar, a seguir instruções...As atividades realizadas na horta da escola devem seguir uma metodologia totalmente ativa e participativa. O trabalho pode ser organizado de forma global e individual, adaptando as atividades aos interesses de cada criança, motivando-as e dando coerência e globalização à sua aprendizagem.
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